quarta-feira, 2 de julho de 2008

Artigo

Internet na sala de aula e suas implicações
Ana Carolina Pereira Rocha

Introdução

Ao introduzir um estudo sobre a Internet e suas implicações na sala de aula, é necessário que retomemos brevemente a história desse meio de comunicação que revolucionou os próprios meios de comunicação, sendo hoje a Internet um dos mais importantes. Tudo começou na década de 60, na época da Guerra Fria, onde os EUA e a URSS, que são dois blocos diferentes economicamente, socialmente e politicamente falando, se contendiam pelas idéias ora capitalistas, ora socialistas. Nesse conflito de idéias e ideais, a conquista pelo espaço mundial necessitava de proteção por parte dos atacantes e dos atacados. Foi nesse contexto que, como uma rede de proteção surgiu a ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced Research Projects Agency, que era como um esquema de transmissão de dados em rede de computadores, em que ficava explícito o destinatário da mensagem e podia reescrever a mensagem original e repassar. A guerra deu uma trégua na década de 70, e o governo americano permitiu que pesquisadores das universidades pudessem manipular e modificar o sistema implantado pelos militares, e com o passar do tempo houve um crescente número de universidades incluída no projeto, de tal forma que a ARPANET já não suportava o número de usuários, dividindo-se em dois grupos, a MILNET, que comportava as localidades militares e a nova ARPANET, que incluía as localidades não militares.

Logo depois, em 1989, um cientista chamado Sir Tim Berners Lee do CERN, Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares), criou a Word Wide Web, que inicialmente era um sistema de interligação das universidades para a divulgação de pesquisas científicas e acadêmicas. Porém, somente em 1994 com o lançamento do primeiro browser, que é um navegador que permite a navegação da Internet, que chamava-se X Windows Mosaic 1.0, foi que a Internet começou a entrar nas casas de milhares de pessoas ao redor do mundo. (Wikipédia, 2008).
A história da Internet no Brasil começou em 1988, com um sistema que interligava as instituições de ensino superior brasileiras e americanas, e em 1989 o governo brasileiro cria a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), existente até hoje. Foi instalado em 1991 o primeiro backbone nacional, que é uma infra-estrutura que conecta todos os pontos de uma rede, inicialmente destinado somente às universidades. Porém, em 1995, o governo ampliou o acesso do backbone a provedores comerciais. (Wikipédia, 2008)
Como podemos observar, a história da Rede Mundial de Computadores, mais precisamente da Internet, foi criada com um fim, mas seu percurso foi mudado quando caiu nas graças dos pesquisadores. Poderíamos afirmar que não necessariamente nos primórdios da sua criação, mas no desenrolar do seu desenvolvimento, a Internet foi usada e ampliada no âmbito educacional, e se assim não fosse, não poderia ter acontecido esse ‘‘BUM’’ ou grande explosão do veículo Internet, ou demoraria um pouco para acontecer.

A Internet na sala de aula

Embora devemos ao meio acadêmico a oportunidade que nos foi trazida, e a Internet ter sua história perpassada e motivada pela educação, para muitos é ainda um pesadelo, ou bicho de sete cabeças, lidar com a Internet na sala de aula, pois a Internet traz consigo estigmas e preconceitos, quando tratada em área educacional.
A Internet é um meio de comunicação que facilita o ensino-aprendizagem, porém os educadores animados ou não em torná-la acessível, devem prestar atenção em algo que fica como pano de fundo, mas que talvez seja o principal no processo de ensino-aprendizagem, a Metodologia.
‘‘Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está integrado em um contexto estrutural de mudança do processo de ensino-aprendizagem, no qual professores e alunos vivenciam formas de comunicação abertas, de participação interpessoal e grupal efetivas. Caso contrário, a Internet será uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino. A Internet não modifica, sozinha, o processo de ensinar e aprender, mas a atitude básica pessoal e institucional diante da vida, do mundo, de si mesmo e do outro’’. (MORAN, 1997, p7)


Nos deslumbra a idéia de trocarmos os livros pelos notebooks, o quadro negro pelo sofisticado aparelho data show, os cadernos pelos softwares de edição de texto, e tantas outras possibilidades tecnológicas que nos é prometida para um futuro próximo, que talvez seja bem mais próximo do que imaginamos.
Mas será que a escola atual está preparada? Entendo por escola toda a estrutura de ensino e os que dela fazem parte. Bom, digamos que a escola tradicional não, mais especificamente os métodos tradicionais, se a maneira como é propiciado o ensino-aprendizagem continuar sendo a mesma; em vão serão os esforços para a inclusão de fato acontecer. Se continuarmos a usar a mesma metodologia arcaica e ultrapassada, que não leva em conta os conhecimentos prévios dos estudantes, e que não coloca os conteúdos pautados num contexto cultural e socioeconômico, a Internet, ou qualquer outra nova tecnologia, será apenas mais uma tentativa de chamar atenção de pais consumidores de uma educação que é colocada em ‘‘pacotes’’ e é vendida como uma mercadoria, a preço muito alto, diga-se de passagem... E os alunos como depósitos de informações.
‘‘Ensinar com a Internet será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os paradigmas do ensino. Caso contrário, servirá somente como um verniz, um paliativo ou uma jogada de marketing para dizer que o nosso ensino é moderno e cobrar preços mais caros nas já salgadas mensalidades.’’ (MORAN 1997, p.8)


A escola pública também se inclui nesse contexto, de uma forma diferente, claro, pois nesta tanto os alunos como professores ficam a mercê de um governo que pouco olha para as necessidades do povo; pelo contrário, o que lhes interessa é alienar para perpetuar a fome, o desemprego e a falta de condições básicas para viver.
Porém, o que mais é apontado como um fator decisivo para uma inclusão satisfatória da Internet na sala de aula continua sendo a forma como se dará essa implementação. Se vier acompanhada de uma metodologia tão inovadora como a proposta de utilização da rede na sala de aula, o processo de ensino-aprendizagem dará bons frutos, tanto para o educador como para o educando.

Quando a escola e o professor tomam consciência de que é preciso uma real mudança nos métodos, se deparam com mais um obstáculo, como realizar tal conversão de percurso? Segundo Magdalena & Costa (2003,p 20), o primeiro passo é desafiar os educandos, daí eles poderão formular as suas próprias perguntas e serão motivados a buscarem respostas e estratégias para resoluções de problemas.

É a natureza da questão que levantamos que determina o que precisamos buscar, o que investigar. E é isso o que acontece na sala de aula atual ? Sabemos que não, pois a nossa escola ainda é tradicional. Nela, a proposta de trabalho, normalmente, é do professor. Nós, professores, estamos acostumados a pensar pelo aluno – antecipamos tudo o que ele pode ou deve saber, definimos os problemas, os objetivos, as soluções e temos um tempo preestabelecido para as atividades. (Magdalena & Costa, 2003, p 20-21.)

O que propõem Magdalena & Costa é um proposta de trabalho diferenciada, que permita ao estudante pensar sobre quais são suas áreas de interesse. A primeira coisa então a ser feita é um levantamento de questões, e sondar o mínimo de conhecimento que os estudantes possam ter delas, e esses questionamentos surgirão naturalmente quando se depararem com diferentes meios como pesquisas de campo, vídeos e filmes, livros, revistas, e tantos outros, e finalmente a Internet, que pode proporcionar todos esses elementos dentro da própria rede. Para um determinado conhecimento se tornar significativo para o educando é preciso que esteja dentro da realidade onde ele está inserido. Esta seria a primeira barreira a ser rompida com o tradicionalismo escolar.
O professor que tentar modificar as contingências na sala de aula vai abandonar o pensamento simples e passar a usar o complexo, que é uma forma de ver o mundo integrando os extremos, e compreendendo-os nas suas diferenças. A educação tradicional busca explicar a realidade de uma forma simplista e reducionista, e limita os educandos a um mundo onde as possibilidades são restritas. A Internet é um novo ambiente de aprendizagem que dá possibilidades de os conteúdos escolares serem administrados de tal forma, que se aproximem da realidade pessoal e social dos envolvidos no processo, além de permitir a interdisciplinaridade.


Conclusão

Fazendo uma retrospectiva, percebemos como o ‘‘nascimento’’ da Internet e principalmente seu desenvolvimento se deu por conta da contribuição acadêmica. Hoje ela faz parte do mundo globalizado, é vista como um dos principais meios de comunicação e traz uma gama de possibilidades por se tratar de um meio de comunicação descentralizado e aberto, sem licenças para uso e publicações, o que permite uma troca de conhecimentos entre as pessoas de diferentes localidades do mundo. Embora tenha nascido essencialmente na guerra fria, seu desenvolvimento foi por meio de constantes pesquisas e divulgações dessas mesmas, sendo que muitas delas fazem parte do mundo prático e influenciaram muitas outras. Seu desenvolvimento, no passado, se deu no meio acadêmico, e nos dias de hoje a educação nos seus diferentes níveis necessita dela para se integrar no mundo atual, e promover uma interação tal que os conhecimentos e não somente informações, possam ser difundidos e refeitos. A Internet na sala de aula, independentemente do nível educacional, é uma realidade necessária, e nos deparamos com a falta de preparo dos professores e das instituições de ensino. Porém, não basta as escolas ‘‘entupirem’’ suas salas de aparelhos sofisticados e sintonizados com o mundo virtual. Há um problema na educação que persiste muito antes do surgimento da Internet e dos computadores, a metodologia de ensino.
Se as formas tradicionais continuarem, o processo de ensino-aprendizagem será essencialmente o mesmo, com mudanças apenas nos meios e não nos fins da educação. Cabe aos educadores se posicionarem quanto a uma possível mudança na metodologia, e não somente vestir a mesma ‘‘camisa’’ com uma roupagem diferente. Realizando essas mudanças, os professores de agora e do futuro, se autodenominarão multiplicadores, engajados na construção de novos saberes.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORAN, José Manuel. Como utilizar a Internet na educação, 1997 p. 1-8.

Magdalena & Costa, Internet em Sala de Aula, com a palavra, os professores
ARTMED, 2003.

Morin Edgard, O Método 1: a natureza da natureza, Porto Alegre: Sulina, 2003.

WIKIPÉDIA. História da Internet. 2008. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Internet. Acesso em 02 de julho de 2008.

2 comentários:

** disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
** disse...

oiiiw
fiquei muito feliz pelo seu comentário
Na verdade, a metodologia poderia mudar um pouco, mas o ponto em que eu acho que muitas escolas falham é a total frieza. Mas isso seria difícil de mudar, afinal, controlar mais de 300 anos com carinho e papapa seria meio difícil certo?
Não é como no jardim de infância, quando as tias ficam te seguindo e anotando: silvinha está se saindo muito bem na coordenação motora... etc etc
Quanto ao teu artigo sobre a internet em sala de aula, bem, acredito que seja benificente, mas que a concentração seja nos métodos mais antigos: quadro, caderno e lápis. Por alguma razão, creio que o computador acaba reduzindo a atenção dos estudantes, mesmo que estejam fazendo trabalhos ou qualquer coisa do tipo. Internet vejo mais como um meio de complementar os estudos, e é interessante, pois informações são facilmente encontradas nos googles da vida.
bjouss sofredora em formação xD~
acredito que estes são muito admiráveis, pois muitos não têm o salário que merecem e nem com greve, conseguem alguma coisa, do jeito que o governo valoriza a educação.